Review | Leila
Desenvolvedora: Ubik Studios
Publicadora: NAISU
Gênero: Point-and-click, Aventura
Data de lançamento: 17 de abril de 2025
Preço: R$ 42,00
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela NAISU.
Revisão: Davi Dumont Farace
Leila é uma aventura point-and-click desenvolvida pelo Ubik Studios e publicado pela NAISU. Nele somos convidados a explorar a mente da protagonista que dá nome ao jogo, passando por fatos marcantes de diferentes épocas da sua vida. Será que ao fim da jornada iremos descobrir o trauma que sua mente manteve tão bem escondido?
Leila, a protagonista, é presenteada com um dispositivo que cria um jogo interativo com as informações encontradas em sua mente. Porém, mal sabia a garota que ela teria que reviver cada momento da sua vida através de puzzles de arrancar a pele dos ossos. Você pode estar pensando que não pode ser algo literal que é encontrado no jogo, mas acredite, é sim. Diferente do que costumamos a consumir, a narrativa aqui não é muito explícita, ela é contada através de recortes que não necessariamente seguem as etapas da vida de forma crescente.

Para entender um acontecimento da vida adulta, somos levados a uma lembrança infantil, quando éramos adolescentes cheios de sonhos. Apesar de parecer bem confuso, a narração da protagonista torna tudo mais coeso e palatável, acredite. Um fator muito interessante é que a intensidade dos sentimentos mostrados por Leila varia de acordo com a idade, sendo os mais intensos quando está por conta de seus 16 anos, com os hormônios à flor da pele.

Apesar da classificação indicativa, esse jogo será melhor entendido por aqueles que já estão vivendo no planeta Terra por algumas décadas. Se trata de uma narrativa bem intimista e tudo sempre é visto da perspectiva da personagem, então se afeiçoar a Leila e ser empático aos seus traumas é o que fará o jogador querer chegar ao fim da jornada. Por isso, não creio que os mais jovens estarão contentes com uma narrativa cheia de altos e baixos e com um tom melancólico e saudosista.
Revisitar traumas pode ser… divertido?
Mesmo com um grande foco na jornada pela psique de Leila, o game reserva momentos agradáveis em sua jogabilidade. Antes da tela de título, os desenvolvedores deixaram um aviso bem explícito para que o jogador faça uso de fones de ouvido durante a jogatina. Isso se deve ao fato de que os mesmos fizeram uso do feedback sonoro para indicar ao jogador quais itens são interativos e quais não são. Faça uso de fones ao jogar no modo portátil ou certifique-se de deixar a sua TV em um volume apropriado.

O looping da jogabilidade consiste em resolver puzzles, e uma vez concluídos, um pedaço da narrativa é mostrado. Não existe grande mistério na jogabilidade. O game só faz uso de 3 comandos, sendo um deles o próprio analógico esquerdo, usado para mover o cursor em forma de mão pela tela. A maior parte do tempo você usará o botão “a” para interagir com os objetos, apenas clicando ou os arrastando para o ponto correto, e o botão “b” sendo usado de forma mais secundária para rotacionar certos elementos.

Grande parte dos puzzles possuem instruções na tela de forma bem literal, como em qualquer manual. Outros irão exigir que o jogador busque pelo cenário por dicas, sempre envolvendo cores e formas similares. Vou dar um templo aqui para simplificar: existe um trecho onde será necessário dispor alguns tons em um painel na ordem que elas são exibidas. Seria bem fácil se a sequência pudesse ser revista, mas ela não é. Após investigar um pouco o cenário, você percebe que a sequência de cores está contida na lombada de alguns itens no rack da sua sala.

A bagagem visual do jogador nem sempre pode ser tão apurada quanto o necessário, pensando nisso os desenvolvedores deixaram disponíveis um comando que pode ser acessado na lateral superior esquerda, onde um tipo de scanner é passado pelo cenário e indica pontos onde o quebra-cabeças deve ser solucionado. Por mais que possa ser visto pelos mais competitivos como um “facilitador inconveniente”, seu uso é opcional. O jogador mais experiente e o mais leigo terão a mesma chance de aproveitar a narrativa sem ser impedido por uma jogabilidade a qual podem não estar acostumados.
Uma colcha de traumas (e quem não é?)
Leila é a primeira empreitada do Ubik Studios no Nintendo Switch, e posso dizer que foi um belo início. Mas, como tudo na vida, sempre existe espaço para melhora. A ausência de certas funcionalidades foram sentidas durante a gameplay. Por se tratar de um jogo onde o cenário deve ser investigado a rigor, uma funcionalidade de zoom seria muito bem vinda. Ao jogar no modo portátil, o tamanho dos textos fica bem reduzido (estou jogando no modelo v2), atrapalhando fortemente a compreensão de certos puzzles e das legendas, caso você não seja fluente em inglês.

Tirando esses pequenos infortúnios, Leila é uma bela escolha para aqueles que desejam uma narrativa mais lenta e profunda, atrelada a um gameplay que instiga a visão e audição do jogador com sua arte feita à mão e bela trilha sonora.
Pros:
- Direção de arte do jogo;
- Puzzles desafiadores;
- Facilitador para os inexperientes;
- Design de som.
Contras:
- Falta de funcionalidades que melhoram o conforto do jogador.
Nota
8
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